O assassinato de um filho

Quando eu nasci minha mãe me matou... e não foi em forma de aborto mas em forma de abandono.

Quando eu cresci, ela também me matou, quando provou seu desamor e sua falta de cuidado comigo.

Depois de certa forma outras mães me mataram aquelas que juraram me amar como filha e que me fizeram, por alguns meses, me sentir especial, mas no primeiro sinal de falha humana da minha parte o amor delas também morreu. Se ele morreu tão facilmente, será que ele existiu? Ou será que foi uma forma de piedade para comigo?

Vocês sabiam que alguns ursos pandas acidentalmente matam as mães? Pelo tamanho que eles ficam na hora das brincandeiras as patadas são tão fortes que são capazes de matar a progenitora.

Fernanda Young escreveu um livro libertador que se chama “tudo que você não soube” Uma narradora anônima escreve ao pai moribundo. Quer contar como se tornou uma mulher sóbria e dissimulada, um poço de desamparo e solidão. “Faço questão de que você vá para o inferno”, diz. Não é brincadeira, e os motivos do ódio vêm à tona num relato lancinante. “Nasci sob o signo da desaprovação”, afirma, após revelar que martelou a cabeça da mãe. Melodramático? Sim, mas a autora esmiúça a infelicidade de tal forma que a compaixão pela personagem é inevitável. O acerto de contas é feito nas madrugadas, quando ela se afasta da aparente normalidade do presente – é casada, tem filhos e uma rotina de luxo – e retoma o passado. Aficionada pela cultura pop, às tantas faz uma análise cínica e perspicaz de Atração Fatal, aquele filme sobre traição e vingança com Glenn Close e Michael Douglas. Há uma razão de ser nessa obra visceral. Fernanda, como mãe de gêmeas que é, escancara o estrago que o desamor faz na vida dos filhos

Pois é, eu não tenho essa natureza, porque eu nasci com a maldição de ter uma capacidade infinita de amar, posso colocar todas essas mulheres de lado, fora da minha vida e das minhas infinitas expectativas, mas jamais seria capaz de dizer que deixei de amá-las... e  também decidi não quero mais o amor de nenhuma mãe, eu não preciso delas, acho que nunca precisei, apenas romantizei. A única mãe que devo alimentar e melhor cada dia mais é a mãe que vive em mim, a mãe que deve cuidar da filha que tenho e por ventura das venha a ter.

De resto, sobre o amor incondicional só acredito em dois, o meu amor e o dos livros.

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