Se você não gosta de Sampa, ela também não gosta de você...

Se você é um daqueles cariocas de sotaque carregadíssimo que despreza nossa diversidade gastronómica e que acham que as paulistanas são feias comparadas às cariocas de bunda de fora ou se você é um tri gaúcho bairrista que acredita que tudo na sua terra é melhor do que aqui e que o Grenal é um clássico muito superior a qualquer clássico do paulistão ou se você simplesmente frequenta São Paulo e todas as vezes que entra ou sai daqui reclama do ar, trânsito, cinza e das marginais...Não precisamos de você aqui.

Estive pensando nisso em minha ultima viagem enquanto lia em um blog onde o escritor aparentemente frequenta sempre nossa cidade e sempre diz que não gosta daqui....vai minha sugestão: São Paulo, ame-a ou deixe-a...Eu sinto dolorosas saudades quando saio daqui por qualquer motivo...não nasci aqui e meu amor pela cidade é aquele amor maduro...que vem com a convivência e com o reconhecimento...

Em São Paulo nunca me faltou emprego, em família, nem amigos, nem olhares e tão pouco abraços...em São Paulo podemos praticar a delícia de ter opções, verdadeiramente poder crescer e se você tiver coragem pode viver tudo mais o que quiser por aqui....Quando cheguei por aqui eu nada entendi e depois percebi que como todos os lugares do planeta ela precisava de uma coisa para ser chamada de lar: Amor.

Portanto pessoas que dizem odiar São Paulo...voltem aos seus lugares e por favor, respeitem nossa cidade...não gosta daqui e é obrigado a vir? Guarde para você seus comentários ou simplesmente mude de profissão.


Lágrimas no aeroporto....aquela vontade de chorar alto, soluçar até que o peito pare de doer, mas daí vem a consciência de que é preciso segurar a barra...Essa foi a sensação ao me despedir da minha amiga de 20 anos ontem no aeroporto de Campo Grande. Minha afilhada agora está com 17 anos e tem quase a idade do tempo que nos afastou...assim foi me despedir de Regina...sabem como essa história começou? Vamos a narrativa:
Ano: 1991
Local: Sala de aula da 8ª Série A da escola Bernardo Franco Baís
Primeiro dia de aula.
Eu já estudava com quase todos os alunos da sala desde o jardim da infancia, todos se conheciam, com algumas poucas exceções, meninas que se sentava no fundo da sala de aula e tinham um ar daquela timidez adolescente em um local desconhecido. Eu tinha o hábito de ler o nome dos alunos estampado na porta da sala de aula, ficavam lá contendo algumas informações que eu julgava interessante como data de nascimento, seu número na chamada e eu sempre gostava de saber tudo isso pra manter aquela falsa ilusão de conhecer a todos pois eu já sabia e estava fadada a ser a lider da sala, como o era desde sempre...olhando a lista vi que meu número era 28 e que o número 29 era ela, e que curiosamente ela fazia aniversário um dia antes de mim...fiquei curiosa para saber quem era minha quase irmã de data de nascimento....sem pensar muito e tentando disfarçar minha pequena e leve curiosidade fui até o filtro que ficava no fundo da sala, bem perto de onde ela sentava...ela tinha cabelos longos e negros como os matem até hoje, um rosto bonito e um sorriso de muitos amigos, perguntei se era ela o numero 29 e mais velha que eu apenas um dia, ela sorriu e disse que sim...pronto, foi o suficiente para termos assunto para uma vida toda. Regina me ensinou que podemos tocar nas pessoas para demonstrar afeto, sem parecer idiota ou vulgar, ela me ensinou que há familias boas sim e eu fui acolhida pela dela assim que a minha se mostrou ruim como sempre foi, ela me ensinou a me defender, quando me ofendiam no recreio ela seriamente comprava minhas brigas, ela me ensinou a me vestir, me pentear e me cuidar...como as irmãs mais velhas fazem...ela me ensinou o que é ter irmãs mais velhas...quando comprei meu primeiro carro ela me ensinou a dirigir, mesmo não sabendo ao certo como faze-lo, choramos o juntas a morte do Renato Russo e costumávamos ouvir as musicas em inglês e transcreve-las a nossa maneira, sem entender um pingo do até então estranho idioma (a falou dasmasquan ..)  ela engravidou aos 16 anos e juntas aprendemos a como criar um bebê sozinhas assim como juntas aprendemos o quão duro pode ser a vida.
Nossa amizade vive muito bem obrigada, por todos esses anos, sem ranhuras, sobrevivendo ao tempo, distância, casamentos, filhos e qualquer outro furacão que possa vir sobre nós...sabe o que de mais precioso eu aprendi com a Regina? Ser amigo de alguem, verdadeiramente, é aceitar essa pessoa exatamente como ela é e sabendo tudo a seu respeito sem uma rusga de julgamento.
Amiga, você jamais estará só porque EU estarei ao seu lado e nem a morte será capaz de nos separar. Obrigada.

"Somos apenas dois seres imperfeitos tentando acertar nesse mundo cheio de erros, o mais importante é que quando sei que tenho seu ombro e sua amizade, não preciso acertar todas as vezes mas jamais posso deixar de tentar."